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Oi! Deixe me apresentar, sou Léa Mougeolle, estudante francesa, já escrevi algumas vezes aqui para o Portal Sociologia quando estava na universidade de Bordeaux, na França, onde, inclusive, Emile Durkheim deu aulas de Sociologia. Atualmente, vivo em Paris para estudar na universidade de “Sorbonne Nouvelle”, onde faço meu mestrado, uma especialização sobre um país que adoro: o Brasil! Hoje, estou no segundo ano do mestrado (na França ele se faz em dois anos) e é um prazer ter a sua atenção. Eu tenho o costume de escrever artigos muito técnicos aqui no Portal, mas, hoje, proponho a você de mudar um pouco… Vamos falar de uma coisa que você já conhece, mas com a ótica da Sociologia. Vamos falar do meu trabalho de pesquisa que é… A vida das mulheres no Brasil e, mais precisamente, as identidades femininas no Brasil. Por favor, me perdoe caso existam muitos erros de português, pois, afinal, ainda estou em fase de aprendizagem.
Primeiro, é importante especificar que a posição das mulheres é desvalorizada. Antes dos anos 60, a história falava principalmente dos homens e, quando a historia falava das mulheres era só para dizer “é a mãe de, é a namorada de”, etc. Hoje, o papel da mulher é, ainda, muitas vezes ignorado. Porém, as mulheres tem um papel importante, como o do homem. Ela tem um papel de produção, de reprodução, um papel na esfera doméstica, etc. Hoje, as mulheres são mais qualificadas e são, cada vez mais, independentes. As coisas estão mudando. Nos meus estudos, eu me pergunto: Como se constroem e se manifestam socialmente as identidades de gênero feminino? Digo as “identidades” porque não se pode falar somente de “uma” identidade. Um indivíduo tem diferentes identidades: a identidade do país, a identidade da idade, a identidade do gênero…
Gênero? O que é exatamente? O gênero é diferente do sexo. O sexo é biológico, o gênero é cultural. Se uma mulher gosta de maquiagem, dos meninos, faz as tarefas domésticas, tudo isso tem uma explicação cultural, então relativa ao gênero.
Desde a infância (socialização primária), as meninas aprendem e integram normas e valores relativos às mulheres. As meninas têm que corresponder pouco a pouco à imagem da “boa mulher”. Elas têm que vestirem-se bem, maquiarem-se, etc. Também, elas vão aprender a usar o seu corpo: a maneira de gerir o seu corpo, sentar-se com as pernas fechadas, por exemplo. Se a menina não respeita isso, uma pessoa vai a olhar de forma diferente ou dizer algo que ela não queira ouvir. Assim, as meninas constroem uma primeira imagem da identidade feminina. Na verdade, com esta primeira imagem apresentada do seu corpo, as pessoas vão categorizar a pessoa. Para construir esta imagem da menina, existem pessoas auxiliam na formação de opinião. Estas pessoas se chamam as “instâncias de socialização”. Podem ser os pais, a famíla, a escola, etc. Os pais vão se comportar de maneira diferente se têm um filho ou uma filha. Os adultos vão trazer a menina a se com formar às esperanças sociais em função do seu sexo. Simone de Beauvoir em 1949 dizia : “Nós não nascemos mulheres, nós nos tornamos mulheres”.
Quando as mulheres são adultas, para se definirem mulher, elas usam as relações sociais, como o papel de esposa (namorada), de mãe, de filha. Hoje, as mulheres têm cada vez menos filhos (Hoje mais ou menos 2 filhos para uma mãe). Esta evolução se explica principalmente com a educação sexual na escolha. A mulher tem também um papel em função do trabalho doméstico. As mulheres têm mais cuidado que os homens a respeito da família. O trabalho doméstico é também lavar a roupa, a louça, limpar a casa, preparar as comidas, etc. Esta forma de trabalho não é remunerado e é invisível. Este trabalho é feito pela mulher sem que se fale dele porque parece “normal”.
Um dos aspectos das identidades femininas é a mulher como trabalhadora. Na sociedade brasileira (assim como na sociedade francesa), algumas profissões são associadas ao gênero feminino: secretária, recepcionista, professora, manicure, lava-roupas, enfermeira, etc. Segundo Nadya Araujo Guimarães, as mulheres trabalham principalmente a serviço das pessoas, na função publica, na saúde ou na educação privada. Por exemplo, o trabalho doméstico é uma atividade onde as mulheres são maioria. Porém, hoje, as mulheres são cada vez mais presentes nos trabalhos ditos “masculinos”. Nadya Araujo Guimarães explica que as mulheres são cada vez mais presentes no mercado do trabalho porque a situação demográfica mudou, porque as mulheres são cada vez mais escolarizadas. Também, porque o sistema de valores mudou.
Então, para concluir, podemos ver que não existe só uma identidade, mas identidades diversas para uma mulher. Na verdade, a mulher pode se definir em função do seu trabalho, dos seus filhos, do seu namorado, da sua atividade cultural, etc. Isso depende do que é realmente importante para ela. Além disso, as identidades são diferentes entre as mulheres porque cada mulher é única. As mulheres não têm os mesmos valores, as mesmas práticas culturais, percebem as coisas de maneira diferente. Porém, as mulheres brasileiras crescem e evoluem em um contexto bastante parecido, então é possível mostrar algumas características similares a quase todas as mulheres brasileiras. Para falar de maneira mais geral, elas têm uma socialização primária parecida, elas trabalham, elas estudam, elas saem com as amigas, etc.
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